Seminários ACFP 2024 – “O Desenvolvimento de Vacinas”

As pandemias exigem frequentemente o desenvolvimento rápido de vacinas para travar a propagação da doença e salvar vidas. Esse desenvolvimento durante o decurso duma pandemia é um processo complexo que envolve vários desafios.

O tema das vacinas pode ser abordado como o grande triunfo da imunologia. Introduzir-se-á as categorias de vacinas, os requisitos para uma vacina eficaz, incluindo as respostas por linfócitos B e T apropriadas, o papel dos adjuvantes e dos interferões. Abordar-se-á o impacto das vias de administração e de outros fatores que determinem imunogenicidade ou tolerância aos antigénios, bem como, algumas características das respostas imunológicas em idades extremas que condicionem a resposta à vacinação.

Ora, o desenvolvimento de vacinas eficazes para prevenir infeções e doenças virais, para além do conhecimento de quais os mecanismos da resposta imunológica que são necessários desencadear, impõe o conhecimento do vírus, de como ele se replica e como se processam as interações vírus-hospedeiro. Só com esse conhecimento prévio se encontram os melhores antigénios vacinais.

Citando Crank e colaboradores (Science 2019; doi: 10.1126/science.aav9033): “Technologies thatdefine the atomic-level structure of neutralization-sensitive epitopes on viral surface proteins are transforming vaccinology and guiding new vaccine development approaches”. 

Tendo por base este facto, propõem-se a discussão de dois exemplos de vírus para os quais o sucesso no desenvolvimento de vacinas eficazes foi totalmente antagónico: Por um lado, o vírus sincicial respiratório (denominação oficial: RSV de respiratory syncytial virus), para o qual foi possível desenhar uma vacina tendo por base os conhecimentos da estrutura proteica da proteína viral fundamental para o início do ciclo replicativo do vírus; Por outro, o vírus da imunodeficiência humana (denominação oficial: HIV de human immunodeficiency virus), que depois de quatro décadas de inúmeros estudos e milhões de euros investidos, ainda não se descobriu qual o melhor antigénio a usar para induzir uma resposta imunológica capaz de neutralizar o poder infecioso do vírus.

Com estes dois exemplos espera-se contribuir para perspetivar a complexidade das infeções virais e realçar os inúmeros fatores que tornam o desenvolvimento de vacinas antivirais uma tarefa desafiante e não raras vezes difícil.

A COVID-19, causada por um novo coronavírus identificado pela primeira vez em Wuhan, China (SARS-CoV-2), reconhecida como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020, causou um aumento muito significativo de hospitalizações por pneumonia e falência multiorgânica, colocando uma pressão, sem precedentes, sobre os sistemas de saúde em todo o mundo.

O contexto de pandemia e de emergência global reforçou a urgência do desenvolvimento de vacinas para esta doença, num esforço de convergência sem precedentes da comunidade científica global.

Portugal iniciou a preparação do plano de vacinação contra a COVID-19 durante a primeira vaga registada entre março e julho de 2020, sempre no contexto de coordenação de esforços com a União Europeia. A TaskForce para a elaboração do «Plano de vacinação contra a COVID-19 em Portugal», teve como objetivo garantir a coerência e execução do Plano e coordenar o trabalho já realizado, entre todas as entidades envolvidas no sucesso desta operação, bem como a articulação com as Regiões Autónomas e auscultação de organismos relevantes. O planeamento incluía a estratégia de vacinação, assegurando a logística do armazenamento e distribuição das vacinas, garantindo o registo eletrónico da respetiva administração e da vigilância de eventuais reações adversas e promovendo uma comunicação transparente com a população sobre a importância da vacinação.

Os desafios relacionados com as operações logísticas das vacinas, pela sua complexidade em termos de manuseamento e estabilidade reduzida, foram relevantes para o bom termo de todo o processo.

Portugal foi o primeiro país do mundo a atingir a meta dos 85% da população vacinada contra a COVID-19, tendo-se constituído com um país de referência neste âmbito. Já na sexta fase de vacinação, Portugal continua a apresentar elevadas taxas de cobertura vacinal, graças a um dispositivo coordenado pela TaskForce que planeia e monitoriza o processo de vacinação, em apoio ao Ministério da Saúde.

A TaskForce, com coordenação militar, permitiu “colar” todas as Entidades do Ministério da Saúde em Portugal, de forma a materializar um plano com um modelo de governação muito bem definido e estruturado, constituindo-se como um exemplo na eficiência do processo de vacinação (ver figura). Os pilares base que serviram de chave para o sucesso de todo o processo foram uma Organização de planeamento centralizado e execução descentralizada, uma Comunicação Interna e Externa robusta e próxima dos OCS e de todos os intervenientes do processo e uma Liderança capaz de conduzir todo o planeamento e execução do plano de vacinação.

Seminários ACFP 2024 – “Nanossistemas. Aplicações Farmacêuticas”

“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma parte essencial do sistema de saúde português. Este, no entanto, integra outros componentes que é necessário também reconhecer e valorizar. Precisamos de uma estratégia de cooperação entre os sectores público, social e privado, fundamentada e transparente, enquadrada por um plano plurianual para o desenvolvimento e transformação do SNS. Mas estas intensões não podem simplesmente continuar a situar-se num plano retórico. Requerem princípios, processos e instrumentos elaborados de governança, governação e gestão, que, por enquanto, não existem. Tomemos, como exemplo, duas circunstâncias concretas (i) as práticas de análise e planeamento subjacente à preparação e implementação do “Plano de Emergência e Transformação”, atualmente em curso – o que nos ensinam?, e (ii) e papel da farmácia comunitária nos cuidados de saúde primários do país – como se distingue de outras formas de articulação entre o público e o privado e de que forma se pode tirar o máximo proveito desse seu papel? Estes exemplos, são uma boa base para sistematizar, de uma forma simples, mas suficientemente instrutiva, o essencial sobre os “princípios, processos e instrumentos de governança, governação e gestão” acima referidos. Indispensáveis para fazer evoluir o sistema de saúde português e desenvolver, transformando, o SNS, em benefício das pessoas.
 
O financiamento em saúde, como forma de garantir a continuidade da prestação de cuidados de saúde à população, será outro dos pontos a abordar, tendo em atenção vários fatores e situações condicionantes, como o aumento da esperança de vida e envelhecimento populacional, com todas as suas consequências e implicações a nível da maior necessidade de qualificação recursos sejam humanos ou materiais/(infra)estruturais.
 

A importância das tecnologias de saúde, no quadro de transformação do SNS, atinge também os medicamento, pelo que se propões a clarificação de conceitos sobre Avaliação de Tecnologias de Saúde pondo se em causa a atual definição de medicamento. De forma resumida, descreve-se sistema português de ATS baseado no SINATS, apontando as suas contradições e propondo sua revisão. Refere-se a nova legislação Europeia sobre Medicamento e seu impacto a nível  Nacional Analisa-se a evolução do mercado do medicamento e dos preços Propõe-se alterações ao atual sistema de ATS com implicações na estrutura do INFARMED e medidas a nível Europeu.

Seminários ACFP 2024 – “Desafios Atuais dos Sistemas de Saúde e do Serviço Nacional de Saúde”

“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma parte essencial do sistema de saúde português. Este, no entanto, integra outros componentes que é necessário também reconhecer e valorizar. Precisamos de uma estratégia de cooperação entre os sectores público, social e privado, fundamentada e transparente, enquadrada por um plano plurianual para o desenvolvimento e transformação do SNS. Mas estas intensões não podem simplesmente continuar a situar-se num plano retórico. Requerem princípios, processos e instrumentos elaborados de governança, governação e gestão, que, por enquanto, não existem. Tomemos, como exemplo, duas circunstâncias concretas (i) as práticas de análise e planeamento subjacente à preparação e implementação do “Plano de Emergência e Transformação”, atualmente em curso – o que nos ensinam?, e (ii) e papel da farmácia comunitária nos cuidados de saúde primários do país – como se distingue de outras formas de articulação entre o público e o privado e de que forma se pode tirar o máximo proveito desse seu papel? Estes exemplos, são uma boa base para sistematizar, de uma forma simples, mas suficientemente instrutiva, o essencial sobre os “princípios, processos e instrumentos de governança, governação e gestão” acima referidos. Indispensáveis para fazer evoluir o sistema de saúde português e desenvolver, transformando, o SNS, em benefício das pessoas.
 
O financiamento em saúde, como forma de garantir a continuidade da prestação de cuidados de saúde à população, será outro dos pontos a abordar, tendo em atenção vários fatores e situações condicionantes, como o aumento da esperança de vida e envelhecimento populacional, com todas as suas consequências e implicações a nível da maior necessidade de qualificação recursos sejam humanos ou materiais/(infra)estruturais.
 

A importância das tecnologias de saúde, no quadro de transformação do SNS, atinge também os medicamento, pelo que se propões a clarificação de conceitos sobre Avaliação de Tecnologias de Saúde pondo se em causa a atual definição de medicamento. De forma resumida, descreve-se sistema português de ATS baseado no SINATS, apontando as suas contradições e propondo sua revisão. Refere-se a nova legislação Europeia sobre Medicamento e seu impacto a nível  Nacional Analisa-se a evolução do mercado do medicamento e dos preços Propõe-se alterações ao atual sistema de ATS com implicações na estrutura do INFARMED e medidas a nível Europeu.

Ciclo de Seminários ACFP 2024

Na prossecução do plano de atividades para 2024, o ciclo de Seminários ACFP 2024 abordará temas atuais relevantes para a compreensão e divulgação do âmbito da atividade da Academia.  

Sob o ponto de vista estrutural, é constituído por 4 seminários, cada um dos quais consistirá numa mesa redonda de três preletores com intervenções individuais de 20/30 minutos, seguida de discussão aberta.  

Este  ciclo terá início a 3 de outubro e término a 12 de dezembro de 2024 e  decorrerá, por regra, entre as 18:00 horas e as 19:30  horas, nos dias marcados.

Todos os seminários são de acesso livre e destinam-se não só a membros da Academia, mas também a todo o público interessado, que poderá participar de forma presencial ou através de meios telemáticos (via Zoom).

Conferências ACFP 2024 – “Impacto dos canabinóides no sistema endocanabinóide” – Prof. Doutora Georgina Silva

“Impacto dos canabinóides no sistema endocanabinóide”
Profª. Doutora Georgina Silva

A planta Cannabis sativa e os canabinóides apresentam potencial terapêutico. A maioria dos estudos pré-clínicos/clínicos abordam os efeitos dos dois principais fitocanabinóides, o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), no entanto, há também um crescente interesse nos fitocanabinóides denominados minor, como a canabidivarina (CBDV). Embora os fitocanabinóides sejam potenciais candidatos para um grande número de condições como cancro, esclerose múltipla, dor crónica e epilepsia entre outras, o seu uso está longe de estar bem definido e ainda existem questões, como as possíveis interações com o sistema endocanabinóide (SEC), que não estão totalmente conhecidas. Este sistema compreende os recetores canabinóides, os ligandos endógenos (endocanabinóides) e as enzimas do seu metabolismo. O SEC modula diversos processos fisiológicos e intervém na plasticidade sináptica, modulação da dor, balanço energético, apetite e fertilidade. Ao partilhar recetores canabinóides e vias de sinalização semelhantes, os fitocanabinóides podem alterar a homeostasia do SEC sendo por isso urgente identificar potenciais efeitos a longo prazo na saúde pública.

 

Conferências ACFP 2024 – “O potencial da via nose-to-brain na administração de fármacos” – Prof. Doutora Ana Catarina Silva

“O potencial da via nose-to-brain na administração de fármacos”
Profª. Doutora Ana Catarina Silva

A via intranasal constitui uma alternativa promissora para o tratamento de doenças neurológicas, tendo em conta as vantagens que apresenta, incluindo a possibilidade de transportar fármacos da cavidade nasal diretamente para o cérebro (nose-to-brain delivery), evitando a necessidade de atravessar a barreira hematoencefálica, ao mesmo tempo que promove a eficácia da terapêutica. Nos últimos anos, o potencial da via nose-to-brain para melhorar o tratamento de doenças neurológicas, como o Alzheimer e a epilepsia, tem sido alvo de muitas investigações pré-clínicas. Os resultados são promissores, sobretudo quando se associa a esta via formulações à base de nanossistemas, como as nanopartículas lipídicas.

 

Conferências ACFP 2024 – “Vírus zoonóticos emergentes: o desafio de Uma Só Saúde” – Prof. Doutora São José Nascimento

Conferências ACFP 2024

“Vírus zoonóticos emergentes: o desafio de Uma Só Saúde“
 

Profª. Doutora Maria São José Nascimento

O conceito Uma Só Saúde (One Health) reconhece que a saúde do homem, dos animais e o ambiente estão todas interligadas. A perturbação desta complexa interação tem estado na origem da emergência de novos vírus e doenças víricas zoonóficas. Embora a emergência de novos vírus a partir de animais não seja um fenómeno novo, o que é realmente uma novidade é a taxa de aparecimento de novas doenças zoonóficas nas últimas décadas. Vírus zoonóficos emergentes têm marcado a história da humanidade, tendo o SARS-CoV-2 e a COVID-19 constituído exemplos relevantes já no século XXI. Mas, a ameaça da emergência de “novos” e “velhos” vírus continua a ser uma constante, e as diversas alterações proporcionadas pelo aquecimento global podem impulsionar e facilitar o surgimento de novas doenças zoonóficas.

 

Conferências ACFP 2024 – Ciência Regulamentar – Prof. Doutor José Manuel Sousa Lobo

Conferências ACFP 2024

“Ciência Regulamentar“

Prof. Doutor José Manuel Sousa Lobo

Na atualidade, a designação “Assuntos regulamentares” tem vindo a ser substituída por “Ciência Regulamentar”.
Com esta conferência pretende-se esclarecer a razão e o modo como surgiu esta nova ciência, em que consiste e
qual o âmbito da aplicação do conceito. Do mesmo modo, e de uma forma complementar, pretende-se igualmente
apresentar algumas aplicações da Ciência Regulamentar à regulamentação dos medicamentos nas suas diversas
áreas.

 

Conferências ACFP 2024 – Perspetiva histórica da publicidade a medicamentos em Portugal (Séc. XIX-XX)

Conferências ACFP 2024

“Perspetiva histórica da publicidade a medicamentos em Portugal (Séc. XIX-XX)”

Prof. Doutor João Rui Pita

“A publicidade constitui hoje uma das ferramentas mais relevante para a divulgação dos medicamentos. A publicidade aos medicamentos surge com a industrialização dos medicamentos. Inicialmente não era sujeita a normas quer jurídicas, quer éticas. Atualmente a publicidade a medicamentos é tutelada por uma legislação específica. Esta conferência está focalizada na publicidade escrita. Pretende-se mostrar como a publicidade ao medicamento retrata a história científica e tecnológica da farmácia e do medicamento e como está intimamente relacionada com a história das mentalidades e com a história legislativa e a evolução ética das profissões e ciências da saúde. Abordagens desta natureza são importantes como reflexões éticas e podem ser relevantes para decisões futuras.”

Conferências ACFP 2024 – O conceito de Uma só Saúde na Perspetiva de um Toxicologista

Conferências ACFP 2024

“O conceito de Uma só Saúde na Perspetiva de um Toxicologista”

Prof. Doutor Félix Dias Carvalho

“Uma só saúde” representa uma abordagem abrangente e integradora que visa harmonizar e otimizar de forma sustentável a saúde das pessoas, animais e ecossistemas. Nesta apresentação, serão explorados diversos exemplos dessa abordagem, a nível local e global, sob a perspetiva de um toxicologista. Destaca-se a importância da atenção contínua para a poluição, ressaltando a necessidade da avaliação contínua, da gestão eficaz e da comunicação transparente dos riscos em todos os domínios.